Magrofobia E Outros Mitos
- Laryssa Tomé
- 15 de jan. de 2015
- 3 min de leitura
Nesse mundo de militância, onde tanto se discute sobre as opressões diárias enraizadas na nossa sociedade, é comum que se encontrem termos como “racismo inverso”, “femismo”, “cisfobia”, “heterofobia” e etc, termos que são criados para tentar criar uma simetria inexistente de opressões. Hoje, decidi falar sobre a “magrofobia” e sobre como ela simplesmente não é real.
A magrofobia foi criada com o intuito de fazer parecer que existe uma semelhança e uma certa simetria em comparação com a gordofobia. O alvo dessa opressão seriam as pessoas magras que, teoricamente falando, assim como as pessoas gordas, enfrentam milhares de problemas para conviver em sociedade.
Começarei a construir minha linha de raciocínio baseando-me em algumas perguntas bem simples.
- Quantas mulheres gordas você vê como artistas de filmes/televisão, que são mundialmente ou nacionalmente famosas por sua exorbitante beleza e sensualidade? E quantas magras?
- Quantas mulheres gordas você viu ao longo desses últimos anos, na lista das 100 mulheres mais bonitas de alguma revista famosa? E quantas dessas listas eram magras?
- Quantas mulheres gordas você vê como ícone de moda nas passarelas fashionistas? E quantas magras?
- Quantas mulheres gordas já apareceram na capa da Vogue? E quantas delas eram magras?
- Quantos transtornos alimentares envolvem o desejo de engordar? E quantos envolvem o desejo de emagrecer?
- Quantas vezes a palavra “gorda” é usada como xingamento? E quantas vezes uma mulher toma a palavra “magra” como elogio?
- As principais lojas de vestuário são voltadas para que biotipo específico? E os manequins das vitrines dessas lojas, representam mulheres gordas ou são mulheres magras?
- Quantas propagandas que vemos utilizam modelos gordas como protagonistas? E quantas envolvem modelos magras?
Bem, provavelmente com um pouco de pensamento, você já chegou a mesma conclusão que eu no momento em que decidi escrever esse texto. Magrofobia, não existe.
Ter um parente ou um amigo que chama a pessoa de“magra demais” não a coloca em um papel de oprimida pelas vigas da sociedade, pare e pense em quantas regálias e previlégios essa pessoa tem na sociedade como um todo.
Nenhuma pessoa magra é rejeitada por ser magra demais em uma vaga de emprego, pessoas magras não são consideradas não-saudáveis, pessoas magras não são consideradas incompetentes ou preguiçosas só porque são magras. Em contrapartida pessoas gordas passam por esses tipos de coisas todos os dias. Um preconceito nojento que cresce e se alastra a cada vez mais, disfarçado de brincadeira, piada ou direito a opinião.
Dito tudo isso, cheguei ao ponto no qual eu quero que todas as pessoas prestem muita atenção: Existe uma diferença imensurável entre pressão e opressão.
Numa análise geral, a pressão estética da sociedade, se sobrepõe a todas nós, isso é evidente e irrefutável, mas até que ponto a sociedade está ao nosso favor, e até que ponto ela nos esmaga e destroe nossa auto-confiança? E ai que mora o problema, porque a sociedade em momento algum esteve a favor de pessoas gordas, mas o endeusamento a magreza sempre foi muito nítido.
O que muitas mulheres magras dizem ser magrofobia, nada mais é do que a pressão estética que todas as outras pessoas sofrem por não estarem em um padrão ridicularmente impossível. O que difere da opressão diária de ser sempre vista como algo ruim, uma espécie de câncer na sociedade.
Eu, como pessoa gorda, posso sim dizer que sofro opressão e segregação pela minha aparência física em qualquer nicho social que eu me encontre, eu nunca vejo o meu corpo na capa da Vogue. E a pessoa magra, poderia dizer o mesmo?”

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